23 de março de 2017

Eu amo as nossas memórias, não você


Não é como se fosse possível passar uma borracha por cima de tudo, ignorar e fingir que nunca aconteceu. Não é como se um carro tivesse me atropelado, me fizesse passar meses em coma e acordar com amnésia depois. Não posso simplesmente rasgar partes do livro da minha vida só para retirar da história aquele capítulo que tanto me doeu, pois sem ele, todo o resto perderia o sentido. Não é comum pra mim, esquecer das pessoas que já me foram tão importantes. Não tenho esse costume, ou melhor dizendo, esse poder. E querendo ou não, ainda me dói, me arde aqui dentro ao pensar que pra você é tudo tão fácil, sem drama, sem culpa, sem saudade. Sem aquela vontade maluquinha de voltar no tempo, não para mudar alguma coisa, mas sim, para ter a oportunidade de reviver todos aqueles momentos bons por alguma fração de segundo que seja. Porque a lembrança, não importa o quanto você lute contra ou desvie o pensamento quando ela surgir, sempre estará ali, guardada em algum cantinho, até que algo a faça despertar. O amor não é eterno. Você segue a vida, conhece novas pessoas e pouco a pouco vai se desfazendo dessa grande concentração de sentimentos dedicados a alguém. Mas a lembrança se torna parte de você. Uma parte essencial, aliás. Essencial para seu crescimento, para a construção do seu eu. A lembrança, essa sim, será sua companheira até o último dia. Para algumas pessoas é mais fácil se acostumar e conviver com ela, para outras, não. Mas eu aproveito para te contar que foi graças a ela que eu entendi a diferença entre amar você e amar as memórias que você deixou. Eu amo cada minuto que passei ao seu lado. Amo sentir o quanto aproveitei cada um deles e saber que pude me entregar e ser eu mesma. Amo a música que chamávamos de nossa, amo até mesmo os planos que fizemos e nem sequer concretizamos. Mas não amo mais você. Não tem mais espaço dentro de mim para ser ocupado com tantos vazios, com algo que a muito tempo deixou de existir. Levo comigo, portanto, a sua lembrança. É essa que sempre terá seu espaço garantido aqui dentro e nunca será substituída pela de outra pessoa.
Afinal, a única e mais importante marca que alguém pode deixar em nossa vida, é cada pequena lembrança que levaremos dela. E por fim concluo que nós não somos nada além de um acúmulo constante de lembranças, e quanto mais o tempo passa, mais precisamos nos acostumar com essa ideia. O amor não é eterno. É cada pedacinho que ele deixa pra trás quando vai embora, que dá sentido ao tal de para sempre que tantas pessoas buscam tão desesperadamente sem nem saber o que significa.

Curta nossa página no Facebook: Detalhes de Uma Vida



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vou amar ler todos os comentários postados aqui no blog, respondei todos assim que puder, agradeço sua visita :)


Layout: Bia Rodrigues | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©